quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Afronta ao povo - Dom Joaquim Mol


Aprovação do auxílio-moradia pela Assembleia Legislativa sinaliza a urgência de uma reforma política

Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Bispo auxiliar de Belo Horizonte, reitor da PUC Minas, presidente da comissão da CNBB para o acompanhamento da reforma política

Os recém-empossados deputados estaduais mineiros não hesitaram em dar mostras de que esta nova legislatura não romperá com vícios, acordos e arranjos quando o assunto em pauta é de interesse dos próprios parlamentares. Aprovado em tempo curtíssimo, desavergonhadamente, o primeiro projeto votado pelos legisladores em seu novo mandato foi para estender a todos os parlamentares o benefício do auxílio-moradia, que pode chegar a R$ 4,3 mil a mais em seus vencimentos- mesmo para aqueles que já vivem ou têm residência na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A história do Poder Legislativo no Brasil é marcada, entre outros aspectos nada nobres, pelo acúmulo de privilégios. Verbas indenizatórias, auxílios, apoios de custeio, passagens aéreas. Ainda que algum benefício seja necessário, esses privilégios, além de fazer escoar de modo covarde os recursos públicos, impõem-se como verdadeira afronta a grande parcela da população, a quem se nega atenção e qualidade nos mais fundamentais e básicos serviços públicos. O contribuinte paga e paga caro para manter uma democracia representativa para a qual é pouco convidado a participar.

De modo contínuo, políticos vão alimentando no eleitor um desalento, pois ele, a cada eleição, percebe as expectativas e desejos de uma política verdadeiramente imbuída de construir o bem serem encobertos pelos interesses mesquinhos, o ganho pessoal, o interesse próprio de alguns, que foram eleitos para buscar o bem-estar de todos. Gera-se no cidadão a sensação de que a política é, por definição, um exercício do malfazer, da ruptura de quaisquer possibilidades da ação comum e solidária e a corrupção permanente de todo e qualquer projeto coletivo, da busca de justiça e de igualdade. Exatamente o contrário do ensinamento de um dos principais líderes mundiais contemporâneos, o papa Francisco, que, à luz da fé cristã, afirma a “política como uma vocação sublime, uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (Evangelii gaudium, 205).

Para o eleitor, resta a sensação fatalista de que esse desprezo pelo bem comum desfaz a política, ao corroer-lhe a verdadeira essência. Dupla crueldade: o cidadão que enxerga na participação político-partidária o efetivo mecanismo de mudança e de construção de uma sociedade melhor, não raro se frustra, rapidamente, ao perceber que essa mesma política – que ele legitima e à qual confere poder e autoridade – em seus subterrâneos, por baixo dos panos, o desconsidera e abandona, ao estabelecer para si relevâncias muito particulares. Por um lado, o desalento diante do esfacelamento das promessas e projetos. Por outro, o ressentimento diante da percepção de que o direito do voto e o poder da escolha retroalimentam um sistema viciado de benesses e compadrios. É imoral.

Reafirmamos a necessidade urgentíssima de uma profunda, séria e democrática reforma política no Brasil. A reforma política só será benéfica ao país se houver participação do povo, das comunidades, dos movimentos sociais, da sociedade civil organizada. O Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Coalizão, que reúne mais de uma centena de entidades, propõe, entre outras coisas: impedir o financiamento de campanhas eleitorais por empresas; implantar a eleição em dois turnos, um para eleger um projeto, outro para eleger pessoas comprometidas com o projeto; aumentar a participação de mulheres no mundo político; regulamentar o artigo 14 da Constituição, que contém instrumentos de democracia participativa.

A impressão é de que se tivéssemos nos mobilizado mais, teríamos impedido esse nefasto episódio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Mais do que impressão, fica a convicção de que é necessária a participação decisiva dos brasileiros na reforma que poderá viabilizar muitas outras reformas indispensáveis ao país, a reforma política.
(Fonte: Jornal Estado de Minas, 17/02/2015).

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Um perfil de mulher

Claudemir Francisco Alves*
Uma data dedicada às mulheres
para tratar de mulheres e homens

A celebração do dia internacional da mulher, no dia 08 de março, adquiriu ao longo dos anos um caráter festivo e forte apelo comercial. Tornou-se hábito parabenizar as mulheres nesse dia como se elas merecessem cumprimentos pelo simples fato de serem do sexo feminino. É como se, por si só, essa característica de nascença as tornasse um ser diferenciado – talvez um símbolo da ternura e da autodoação que se associa à maternidade.

Originalmente, no entanto, a decisão de se dedicar essa data para a reflexão sobre a situação das mulheres na sociedade remete a condições materiais muito duras. Desde a transição para o modo de produção capitalista, as mudanças econômicas e sociais afetaram intensamente as mulheres. Submetidas a condições diferenciadas na exploração de mão de obra, elas sofrem formas de violência que não afetam da mesma forma os homens.

Mesmo tendo passado muito tempo, no Brasil do século XXI, mulheres ainda recebem aproximadamente 25% a menos no exercício de mesmas funções. Por vezes isso ocorre mesmo quando elas têm formação escolar mais elevada do que seus colegas de sexo masculino. Além disso, mulheres têm menor presença em cargos de chefia e liderança nos mundos do trabalho. Algo muito semelhante e até mais agudo se verifica no meio político.

Esse fenômeno, que ocorre na esfera pública da vida, adquire outras configurações nos espaços privados. De modo diverso do que ocorre com os homens, as mulheres sofrem outras formas específicas de violência física, psicológica e sexual, além de serem afetadas por formas mais sutis e menos perceptíveis, como a divisão desigual do trabalho doméstico que as sobrecarrega.

Parece haver um descompasso entre esses fatos e o tom de exaltação que a mídia adota para tratar da data atribuída às mulheres. Esse mesmo tom se dissemina nas conversas cotidianas e nas redes sociais. Trata-se de uma linguagem carregada de um olhar excessivamente romântico a respeito das mulheres. De fato, nessa forma de lidar com o assunto, reduzem-se as mulheres a uma ideia, a uma concepção poética. É como se se falasse da mulher, mas não das mulheres. Aparecem aspectos julgados belos e dignos: um ideal de mulher composto por um punhado de estereótipos. Ao mesmo tempo, ficam apagadas as contradições, as desigualdades e os conflitos enfrentados no cotidiano delas. A forma como elas são efetivamente tratadas na sociedade não é posta em evidência.

Fala-se de mulher, mas não se discutem as relações de gênero. O discurso festivo mostra apenas aquelas diferenças entre mulheres e homens que se tem por conveniente destacar. São diferenças aparentemente consideradas positivas, como certas características psicológicas ou comportamentais que habitualmente são naturalizadas como se fossem específicas do gênero feminino. No mesmo ato, a linguagem comum e a apresentação midiática do dia das mulheres obliteram tudo que, se exposto, produziria mal estar e faria aparecer os conflitos. Desse modo, mostra-se, pela via da negação, que nem tudo é tão belo como se pinta.

Nas seções abaixo, recorre-se a dados recentes para mostrar que, no campo das desigualdades de gênero, há, sim, muito a se comemorar nas últimas décadas, mas há também situações e problemas que permaneceram inalterados. Não parece suficiente tratar dos avanços sem que se considere também que há muito a ser conquistado para que as relações de gênero sejam mais igualitárias e a sociedade se torne menos machista e sexista.

O direito a mandar no próprio corpo

Segundo o Panorama Econômico e Social, publicado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), nos últimos vinte anos, houve avanços importantes rumo ao objetivo de se erradicar a violência contra mulheres: aumentou o reconhecimento de direitos, ocorreram algumas reformas legais e certas políticas implementadas nos países que compõem a região têm o potencial de levar a uma diminuição da desigualdade de gênero.

Alguns aspectos são observados pela CEPAL ao avaliar o nível de autonomia feminina. O primeiro deles diz respeito ao domínio físico, isto é, o direito de decidir e controlar o próprio corpo. O segundo aspecto é econômico e se trata da capacidade de gerar renda e de poder decidir o destino dos recursos financeiros da família. Por fim, o terceiro enfoca a possibilidade de a mulher participar plenamente das decisões que afetam sua vida e a coletividade.

Qualquer desses três aspectos tem especificidades nacionais e dificilmente se poderia tratar de modo uniforme países que são diversos sob muitos pontos de vista. Contudo, também é possível perceber características comuns que permitem traçar tendências regionais. Por exemplo, no tocante ao aspecto da autonomia física, na América Latina as mulheres ainda encontram limitações no acesso à assistência de saúde sexual e reprodutiva. Não são um direito universalmente garantido a informação e os serviços de controle de fecundidade. Os segmentos populacionais mais carentes economicamente padecem ainda mais pela falta de formação para o exercício consciente da sexualidade.

Uma das consequências disso é o aumento da fecundidade na adolescência. O número de adolescentes grávidas – principalmente entre aquelas de mais baixa renda e com menor nível de escolaridade – segue uma tendência inversa à taxa de fecundidade das mulheres em geral. Embora o número médio de filhos por mulher venha diminuindo, o número de casos de maternidade na adolescência cresceu em alguns países da região. Esse quadro aparece associado ao maior risco de essas jovens serem alvo de violências física e sexual. Por fim, a gravidez e a maternidade na adolescência se tornam obstáculo para a superação da pobreza, já que as jovens mães enfrentam maiores dificuldades para serem incluídas no mercado de trabalho.

O direito de ganhar e de gastar seu próprio dinheiro

Do ponto de vista da autonomia econômica, nos últimos dez anos ocorreram uma das mais importantes transformações sociais e econômicas na América Latina e no Caribe. As mulheres compõem a metade da força de trabalho na região. Só nesta última década, cerca de 22 milhões de mulheres conseguiram acesso a trabalho e renda nesses países, embora esse crescimento não tenha se dado de maneira igualitária: há diferenças etárias, de nível educacional e de classe. Por exemplo, no estrato social mais rico, 62% das mulheres estão inseridas no mercado de trabalho, enquanto no segmento mais pobre apenas 38,4% delas conseguem garantir emprego e renda.

Sem renda própria, não pode haver autonomia econômica para a maioria das mulheres. Essa constatação se torna importante, quando se considera que significativa parcela das mulheres trabalha sem remuneração. Elas assumem majoritariamente as tarefas domésticas e tais tarefas, por uma questão cultural, tendem a não ser tratadas como trabalho e caem na invisibilidade. Além disso, mulheres tendem a assumir mais as tarefas do cuidado dos filhos, dos doentes, dos idosos.

O número de horas destinadas ao trabalho doméstico não remunerado é alto também entre as mulheres que mantêm atividades fora do lar. Estima-se que esse tempo seja quatro vezes maior do que o tempo dedicado por homens a esse mesmo tipo de tarefa.

O direito de intervir no futuro de sua nação

Seis mulheres presidem países na América Latina e no Caribe atualmente (Brasil, Nicarágua, Panamá, Chile, Argentina e Costa Rica). Também vem crescendo a participação delas nos poderes Legislativo e Judiciário. Nos últimos dez anos, aumentou de 19% para 26% a presença das mulheres nas casas legislativas. Nesse aspecto, porém, há uma grande diferença entre os países. Alguns se aproximam dos 40%; outros, como é o caso do Brasil, não atinge nem 10% de presença feminina.

Apesar do número menor do que o de homens no poder, a participação das mulheres em espaços onde se definem os rumos da cidade, do estado e da nação já tem contribuído e é necessária para introduzir na pauta certos temas que haviam ficado circunscritos à vida privada. Eram assuntos relegados às mulheres como se fosse natural que (apenas) elas se ocupassem deles. Desse modo, ficavam em segundo plano e não se tornavam objeto de políticas públicas tudo que estava relacionado ao cuidado da casa, dos filhos, dos idosos e doentes, assim como da saúde sexual e reprodutiva. Por fim, a própria violência doméstica não era enfrentada como um problema social e político.

Embora longe de serem resolvidas, essas questões têm se tornado objeto de ações públicas e têm ganhado mais visibilidade nas sociedades latino-americanas.

O direito de não sofrer violência

A violência física e sexual continua sendo um problema em todos os países da América Latina e do Caribe. Os dados disponíveis são controversos e supõe-se que estejam subestimados.

Em se tratando apenas do caso brasileiro, no entanto, segundo o Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (LAESER), do Instituto de Economia da UFRJ, entre 2009 e 2012, foram registrados 361.201 casos de violência doméstica e sexual. Isso corresponde aproximadamente a 90.300 notificações por ano; 7.525 por mês; 251 casos por dia; ou 10,5 ocorrências por hora. Os números se referem à violência sofrida por pessoas de ambos os sexos, mas as mulheres representam 67,1% das vítimas.

A agressão parte, na maioria dos casos, do companheiro ou do ex-companheiro. Uma razão importante para a persistência da violência contra a mulher é a naturalização desse ato, como se a mulher precisasse ser tutelada, controlada e até “educada” pelo homem.

A violência ocorre em todos os estratos sociais e econômicos, mas aparece relacionada com a falta de autonomia física e falta de poder de tomar autonomamente as decisões dos rumos de sua própria vida. Frequentemente, a violência está associada à vulnerabilidade e à dependência da mulher.

O que acontece dentro de casa também é política

É ilustrativo pensar que, no Brasil, em outubro de 2014, o rendimento médio de um homem branco, residente nas principais regiões metropolitanas do país, era de R$ 2.962,98. Já uma mulher branca recebia R$ 2.199,94. Isso significa que, na média, as mulheres brasileiras, moradoras dessas grandes cidades, recebem mais de um terço a menos do que os homens.

Quando se considera o recorte racial, verifica-se uma diferença ainda maior. Considerando o rendimento médio de mulheres e homens, constata-se que, no Brasil, em outubro de 2014, um branco, habitante de uma das seis maiores regiões metropolitanas, recebia em média R$ 2.603,14. Uma pessoa negra ou parda, nas mesmas condições, recebia R$ 1.514,61.
As desigualdades que se manifestam dentro de casa têm repercussão social. Relações domésticas desiguais estão conectadas com relações econômicas e sociais desiguais.


Para saber mais sobre:







* Mestre e doutor em estudos literários pela UFMG. Professor de Filosofia na PUC Minas. Membro do núcleo gestor do Nesp.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Ato público vai marcar defesa de proposta popular para reforma política

Mais de 100 entidades e movimentos sociais se uniram a parlamentares para defender a proposta de iniciativa popular para reforma política. Eles são contra a PEC que será analisada por comissão especial da Câmara.
A Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, com apoio de parlamentares, vai realizar um ato no próximo dia 25, na Câmara dos Deputados, para debater a proposta de iniciativa popular para reforma política (PL 6316/13), batizada de Eleições Limpas.
A coalizão conta hoje com 103 entidades e movimentos sociais. O grupo se opõe ao texto (PEC 352/13) que dará início às discussões sobre a reforma política na comissão especial instalada pela Câmara na terça-feira (10). O grupo pretende assegurar o debate, em paralelo, da proposta de iniciativa popular.
Nesta quarta-feira (11), deputados e representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estiveram reunidos na liderança do PCdoB na Câmara para discutir uma agenda de mobilização em torno do projeto.
“O ponto de partida desse plano de mobilização será o ato aqui na Câmara, do qual participarão os presidentes da CNBB, cardeal Raimundo Damasceno; da OAB, Marcos Vinícius Furtado Coêlho; e de entidades do movimento social”, afirmou o ex-deputado Aldo Arantes, representante da OAB na reunião.
“Vamos convidar todos os parlamentares, deputados e senadores para expor o significado desse projeto de iniciativa popular, que sugere uma reforma política que amplia o processo democrático”, continuou Arantes. “Consideramos que a sociedade brasileira e o Parlamento estão diante de duas propostas, a PEC e o projeto de iniciativa popular.”
Financiamento

Arantes ressalta que o projeto de iniciativa popular exclui o financiamento de campanhas por empresas, propõe um sistema eleitoral com maior participação da sociedade e, especialmente, das mulheres, ampliando os mecanismos de democracia direta.

Já a PEC 352/13, na avaliação dele, é um retrocesso. “Essa PEC constitucionaliza o financiamento de campanha e não leva em conta a aspiração da sociedade que, nas ruas, exige o fim da influência do poder econômico nas eleições. E, mais, contrapõe-se a uma decisão praticamente tomada pelo Supremo Tribunal Federal.”
Em abril de 2014, ao analisar uma ação direta de inconstitucionalidade da OAB contra financiamento privado a candidatos e a partidos políticos, 6 dos 11 ministros do Supremo decidiram a favor da proibição de doações de empresas. Apesar da maioria formada, o julgamento está suspenso desde então, devido a um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.
Mobilizações

“Não basta falar em reforma política. Tem que falar qual reforma política”, disse a deputada Jandira Feghali (RJ), líder do PCdoB, justificando a necessidade de mobilizações em favor do projeto de iniciativa popular.

Para a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), terceira suplente da Mesa Diretora, a pressão popular será necessária. “O embate tem que se dar internamente na comissão especial, mas com uma pressão externa, sem o que será difícil conseguir demover a maioria dos parlamentares de aprovar uma PEC absolutamente contrária ao fortalecimento da democracia no País”, disse.
“Estamos confiantes que a Câmara apoiará nosso projeto, afastando o financiamento privado, causa de corrupção e escândalo nas eleições”, afirmou o advogado Marcelo Lavenère, representante da CNBB na reunião. Também participaram do encontro os deputados Henrique Fontana (PT-RS), Orlando Silva (PCdoB-SP) e Chico Alendar (RJ), líder do Psol na Câmara.
Relator

O deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), relator da comissão especial sobre a reforma política, disse ver com naturalidade as manifestações em torno do tema. “Sou um incentivador de que a sociedade se mobilize para que façamos uma reforma o mais próxima possível do que a sociedade quer”, afirmou.

“Esses movimentos todos terão amplo espaço para o debate. Democracia é isso aí, o que não significa que A ou B vá ser vitorioso na sua tese. Todos teremos que nos submeter à vontade da maioria”, disse. Segundo Castro, se, ao final, a reforma política diminuir “drasticamente” a influência do poder econômico no resultado eleitoral, terá havido um salto de qualidade.

Íntegra da proposta:

Reportagem – Ralph Machado
Edição – Daniella Cronemberger

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O sistema político brasileiro é democrático?

É comum dizer que o Brasil é uma democracia. De fato, pelos parâmetros usuais – eleições regulares e liberdade de opinião e de expressão – somos um país democrático. Sobretudo se levamos em conta que tivemos vinte e um anos de ditadura, durante a qual as liberdades foram suspensas e as eleições, quando ocorreram, foram controladas.  Mas, basta aprofundar um pouco mais sobre o sentido da palavra democracia para percebermos que somos um regime com vários elementos formais da democracia, mas onde a maioria não tem qualquer poder na definição da política, onde o povo, portanto, não é o soberano.

Examinemos os fatos recentes. O povo brasileiro votou, em outubro passado, para presidente e elegeu Dilma Rousseff, numa campanha em que defendeu as conquistas sociais e o não retrocesso em relação aos direitos dos/as trabalhadores/as. O candidato adversário, derrotado, defendia mudança na política econômica, maior rigor no controle dos gastos sociais e maior abertura ao mercado. A candidata vitoriosa, antes mesmo da posse, tomou medidas que faziam parte do programa da oposição e nomeou ministros que representam o oposto do que ela havia defendido ao longo da campanha.

Que democracia é essa?

Isso nos leva a perguntarmos quem detém de fato o poder no Brasil. Os/As eleitores/as? Seria mais correto dizer: os financiadores das campanhas eleitorais: bancos, empreiteiras e expoentes do agronegócio. A política econômica que foi anunciada e está sendo adotada atende aos interesses do capital financeiro, em primeiro lugar, em seguida aos interesses das grandes empreiteiras e do agronegócio. Os juros já subiram – e sabe-se que vão subir mais -, garantindo lucros certos aos bancos e investidores financeiros. Enquanto isso, para "colocar ordem no caos", direitos sociais estão sendo atingidos: pensões de viúvos/as, seguro-desemprego, abono salarial, crédito para compra de casa pela Caixa Econômica Federal.

As usinas hidrelétricas em construção nos rios da Amazônia – tanto as que estão em curso quanto as projetadas – estão garantidas, a despeito de as principais empreiteiras envolvidas nestas obras serem acusadas de corrupção na Operação Lava Jato - que investiga acusações de pagamento de vultosas propinas em troca de obras públicas com superfaturamento. O agronegócio, a despeito de o governo se dizer defensor dos/as trabalhadores/as, emplacou sua principal líder no Ministério da Agricultura. O que evidencia que não há nem haverá qualquer coisa parecida com reforma agrária nos próximos anos: trabalhadores/as sem terra e pequenos/as agricultores/as deverão se contentar com migalhas.

A "política de austeridade", adotada na Europa pelos países endividados – GréciaPortugalEspanhaIrlanda, mas também FrançaItália, entre outros -, é a opção econômica do segundo mandato do governo Dilma. Todos/as os/as analistas sabem dos desastrosos resultados desta política lá, o contrário das previsões de seus idealizadores: aumento da dívida pública, empobrecimento da população, aumento do desemprego, perda de direitos sociais, desmonte do Estado de bem estar, crescimento econômico estagnado ou negativo. Se já sabemos que são estes os resultados, por que esta escolha? Não só os prêmios Nobel de Economia Joseph Stiglitz e Paul Krugmann, mas também os/as nossos/as economistas de competência reconhecida como Maria da Conceição Tavares, Luiz Gonzaga Belluzzo, entre outros/as, denunciaram o caráter deletério da chamada "política de austeridade".

Então, é forçoso reconhecer, não são os/as eleitores/as que decidem, é o poder econômico. Se queremos acabar com esta frustração, repetida a cada vez, temos de mudar o sistema político. Em primeiro lugar, acabando com a possibilidade de financiamento empresarial privado: banco não vota, empreiteira não vota, agronegócio não vota, portanto, não podem financiar campanhas. Quem vota são os/as cidadãos/ãs, eles/as é que formam a maioria que deveria decidir os destinos do país.

Diz-se que o Congresso eleito reflete o povo brasileiro. Não é verdade: a grande maioria do povo brasileiro é constituída de trabalhadores/as, as grandes bancadas no Congresso são a bancada dos/as ruralistas (grandes proprietários/as de terra), que representam 1% dos/as proprietários/as no campo; a bancada da bala, que representa as indústrias de armas (uma minoria dentro do empresariado brasileiro que, por sua vez, é minoria entre os/as eleitores/as); a bancada do setor privado na saúde (planos e seguros de saúde); e poderíamos citar outras. No conjunto do eleitorado brasileiro, os/as eleitos/as representam a minoria da minoria: 90% dos/as eleitores/as brasileiros/as não estão representados neste Congresso.

Alguém poderá questionar dizendo que, no entanto, foram os/as cidadãos/ãs que os/as elegeram. Sem dúvida. Foram os/as cidadãos/ãs que votaram sob a influência absolutamente desigual da propaganda dos/as candidatos/as com recursos e da campanha feita pela grande mídia – aliada dos grupos econômicos mais fortes. A maioria dos/as eleitos/as é constituída por aqueles/as financiados/as pelos bancos, empreiteiras, agronegócio, multinacionais da agricultura, empresas interessadas no voto dos/as parlamentares em favor de seus negócios. No Congresso, estes/as se tornam defensores/as dos interesses das empresas, não dos/as cidadãos/ãs que neles/as votaram.

O Senado acaba de eleger seu presidente, Renan Calheiros (PMDB), e a Câmara elegeu o seu, Eduardo Cunha (também PMDB), ambos alvos de acusações por corrupção. A diferença entre os dois é que um é permanente aliado do governo Dilma e o outro é oposição explícita. Qual o interesse de um ou de outro no que pensam ou no que desejam os/as eleitores/as brasileiros/as? Nenhum. Seu interesse se dirige unicamente àqueles/as que podem lhes dar mais poder ou mais recursos (ou ambos). Este é o poder legislativo no Brasil. O povo sabe perfeitamente o que pode esperar da grande maioria destes seus/suas "representantes".

É este o sistema político vigente. Neste sistema, é assim que funcionam as eleições, é assim que alguém é eleito/a presidente/a (ou governador/a, prefeito/a, deputado/a ou senador/a), é assim que o governo obtém "governabilidade" (maioria de parlamentares para votar em seus projetos). E, neste sistema, como vimos, quem manda é o poder econômico. O governo não é refém - obrigado a fazer o que não quer -, o governo age em seu nome, toma medidas a seu serviço, se submete ao "mercado" (o poder econômico).

É verdade que este mesmo governo toma medidas sociais, tem um programa “Bolsa Família” para os/as mais pobres, aumenta o salário-mínimo (um pouco) acima da inflação, oferece um programa "Minha Casa Minha Vida" (com todos os defeitos que possa ter), em suma, é um governo com viés social – viés que os governos tipicamente de direita não têm. Mas, a diferença acaba aí: o governo atende aos/às mais pobres, melhora a situação dos/as trabalhadores/as, mas atende sobretudo aos/às mais ricos/as, é a eles/as que serve em primeiro lugar, é para eles/as que a maior parte do orçamento público é dirigido. E, quando vem a crise, onde este governo começa a cortar? Naquilo que os/as trabalhadores/as e desempregados/as ganham – nos direitos sociais -, não na renda e na riqueza dos/as que têm de sobra.

Para economizar 18 bilhões de reais, o governo determinou uma série de reduções e perdas para os/as trabalhadores/as. Se cortasse 1% nos juros, conseguiria a mesma economia, mas quem "sofreria" seriam os/as rentistas e os/as banqueiros/as: entre os/as ricos/as e os/as pobres, o governo já escolheu quem deve pagar a conta.

É por isso que precisamos urgentemente de uma reforma do sistema político. E sabemos de antemão que a grande maioria dos/as atuais parlamentares, eleitos/as pelo velho sistema, não tem qualquer interesse nesta reforma. Sabemos também que parte do atual governo, eleito também segundo os velhos métodos, igualmente não quer nenhuma reforma profunda. Portanto, a reforma política só ocorrerá sob pressão da sociedade civil, dos movimentos sociais, das ruas.

É a pressão das ruas (há vários abaixo-assinados na internet) que obrigará Gilmar Mendes a devolver o processo pelo fim do financiamento privado para o Supremo Tribunal Federal – processo este onde a maioria dos juízes já votou favoravelmente. É a pressão das ruas que obrigará o Congresso a votar o projeto de lei de iniciativa popular por eleições limpas e reforma democrática. É a pressão das ruas que obrigará o Congresso a debater o plebiscito oficial sobre uma constituinte para a reforma política. Somente esta forma de exercício da democracia devolverá o governo ao povo.

(Fonte: Informe Abong - Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais).

Observação: OS ARTIGOS OPINATIVOS PUBLICADOS NO BLOG DO NESP NÃO REPRESENTAM, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DO NÚCLEO, SOBRE O TEMA PAUTADO.

Reitor da PUC Minas discute intensificação da coleta de assinaturas para projeto sobre Reforma Política

O reitor da PUC Minas, bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, falou, na quarta-feira, 4 de fevereiro, em Brasília, aos bispos do Conselho Episcopal Pastoral (Consep), da CNBB, sobre a coleta de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular pela reforma política e eleições limpas.


"O assunto da reforma política se reveste de uma gravidade temporal muito forte", disse dom Mol. O Consep discutiu diferentes formas para intensificar a coleta e divulgar a iniciativa nas dioceses e regionais da CNBB.

Entre as principais mudanças propostas pelo projeto de lei de iniciativa popular estão: a proibição do financiamento privado e a instauração do financiamento democrático de campanha eleitoral; adoção do sistema eleitoral do voto dado em listas pré-ordenadas, democraticamente formadas pelos partidos, e submetidas a dois turnos de votação; regulamentação dos instrumentos da democracia participativa, previstos na Constituição; criação de instrumentos eficazes voltados aos segmentos sub-representados da população, como os afrodescendentes e indígenas.

O tema da reforma política voltou ao Congresso Nacional com o início da nova legislatura. Na manhã dessa quarta-feira, foi criada uma comissão especial na Câmara dos Deputados para analisar uma proposta de reforma política diferente da iniciativa da Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas. Segundo a casa legislativa, o grupo será instalado na terça-feira, dia 10 de fevereiro, e terá outros projetos em processo de discussão, enquanto projetos de lei serão votados no Plenário.

Além de outras propostas, o projeto analisado na Câmara não proíbe o financiamento privado das campanhas. Durante a apresentação, dom Mol alertou novamente para o perigo desta prática. "É a porta mais larga para a corrupção. Uma empresa que doa milhões para eleger alguns candidatos não faz isso gratuitamente", afirmou o bispo.

Conheça mais sobre o projeto de lei de iniciativa popular proposto pela Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, CLICANDO AQUI >>>
(Com informações da Assessoria de Comunicação da CNBB).

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Empenho na coleta de assinaturas pela Reforma Política

MCCE solicita a sua rede de Entidades e Comitês empenho na coleta de assinaturas pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas.


O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral – MCCE rede formada por movimentos, organizações sociais, organizações religiosas, e entidades da sociedade civil, foi o responsável  pelas duas Leis de Iniciativa Popular de combate à corrupção.  A da Lei nº 9.840/99 “Lei da Compra de Votos”, que permite a cassação de registros e diplomas eleitorais pela prática da compra de votos ou do uso eleitoral da máquina administrativa e da  Lei Complementar nº 135/2010, popularmente conhecida como a “Lei da Ficha Limpa”.

Agora o MCCE está empenhado na Campanha da Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, iniciativa popular liderada pela Coalizão, articulação da sociedade brasileira com várias entidades, entre elas a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o MCCE, a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político, a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), dentre outras.

A meta da Campanha pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas é alcançar 1,5 milhão de assinaturas, que representa 1% do eleitorado brasileiro.

Estamos num momento crucial para a Campanha e é imprescindível o envolvimento de toda a rede de entidades e Comitês MCCE na Campanha de coleta de assinaturas.

Nossa sugestão é que sejam promovidos debates, seminários ou mesmo reuniões menores com segmentos da sociedade civil para discussão dos principais pontos das propostas seguidos de coleta de assinaturas. O MCCE recentemente lançou um vídeo em seu canal no YouTube com as principais propostas do projeto pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas que pode ser utilizado como material de apresentação da proposta.  Acesse Vídeo do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral sobre a Reforma Política Democrática e Eleições Limpas.

Pedimos a nossa rede de Entidades e Comitês que divulguem o banner e o formulário de coleta de assinaturas (em anexo) da campanha em seus sites, blogs, Twitter, etc. Que os representantes das Entidades e Comitês percorram escolas, universidades, igrejas e outros locais da cidade promovendo a coleta de assinaturas.

Se for possível, montem postos fixos de coleta em pontos movimentados da cidade e horários previamente estabelecidos e enviem a programação para o Comitê Nacional do MCCE com as atividades e os locais de coleta pelos e-mails: mccenacional@gmail.com e comunicacaomcce@gmail.com ou entrem em contato pelo telefone: (61)2193-9746/9646. Todas essas informações ficarão disponíveis no site do MCCE e da Coalizão, para que qualquer eleitor e eleitora possa saber onde está acontecendo a coleta em sua cidade.

Pedimos que as assinaturas já coletas sejam enviadas para o MCCE e  as demais assinaturas conseguidas posteriormente sejam enviadas  antes do final do mês de março para serem contabilizadas. A Coalizão pretende realizar o levantamento do número total de assinaturas recebidas até o final de março.

ORIENTAÇÕES PARA O PREENCHIMENTO DO FORMULÁRIO:

É imprescindível o número do título de eleitor.
No entanto, se a pessoa interessada em preencher o formulário não estiver com o título de eleitor em mãos, peça que preencha o seu  NOME COMPLETO e NOME DE SUA MÃE (sem abreviação e de forma legível) e a DATA DE NASCIMENTO com essas três informações é possível pesquisar no site do Tribunal Superior Eleitoral - TSE o  número do título.

Endereço para envio dos formulários: Secretaria Executiva do MCCE - SAS Quadra 05, Lote 02, Bloco N, Edifício OAB, 1º andar - Brasília/DF, CEP: 70070-913.

Contamos com todos vocês para alcançarmos esse objetivo!
Assine e divulgue para sua rede. Assim você estará contribuindo com mais uma Campanha de Iniciativa Popular realizada por entidades que lutam por um País mais justo e transparente!


Diretoria da Secretaria Executiva do Comitê Nacional
Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral

Câmara – A cruzada contra os direitos humanos

Por Nathalie Beghin, coordenadora da assessoria política do Inesc


Domingo 02 de fevereiro de 2015, com a eleição do Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o país assistiu ao primeiro ato do novo Congresso Nacional que confirmou o que sabíamos: trata-se do Parlamento mais conservador desde a redemocratização do país. Tal Parlamento, cuja composição foi estudada por muitos, inclusive o Inesc[1], é integrado por homens, brancos, ricos, proprietários e cristãos. As mulheres e os negros, por exemplo, que correspondem a mais da metade da população, detém menos de 10% das cadeiras, respectivamente. Os povos indígenas não possuem sequer um representante (confira vídeo sobre a sub-representação no parlamento aqui).

Pois esse colegiado elegeu, em primeiro turno, um presidente que é um dos principais porta-vozes dessa visão de mundo atrasada social e ambientalmente, interessada na defesa de seus interesses privados e incapaz de pensar o Brasil de forma estratégica uma vez que as centenas de parlamentares eleitos estão pulverizados em quase três dezenas de partidos. Eduardo Cunha obteve seu quarto mandato graças a uma campanha milionária, financiada essencialmente pelo setor privado, especialmente os setores de bebidas, mineração, telecomunicações e financeiro. Essas referências associadas a sua liderança evangélica explicam posições adotadas em legislaturas anteriores: foi contra o marco civil da internet que contrariava demandas do setor de telecomunicação; indicou o Relator do Código da Mineração de modo a assegurar-se que os interesses desse setor fossem preservados; é defensor do financiamento privado de campanha uma vez que trata-se de um dos principais beneficiados desse modo privatizante de custear os processos eletivos; é autor do projeto de lei que cria o dia do orgulho heterossexual e do que pune com até dez anos de prisão os médicos que auxiliarem mulheres a abortar. “Estamos sob ataque dos gays, abortistas e maconheiros”, já tuitou.

Soma-se a este quadro pouco alvissareiro a perda de posições do PT na Mesa Diretora, o que o levará a buscar a presidência de comissões de peso legislativo. Isto significa que deverá deixar de lado a Comissão de Direitos Humanos e Minorias. O cenário mais provável é que a mesma caia nas mãos de algum partido que tenha, como objetivo, impedir o avanço legislativo em relação aos direitos de minorias e às liberdades individuais.

Os direitos humanos nunca foram tão ameaçados como agora. E mais: não há qualquer chance da proposta de reforma política que defendemos, popular, inclusiva e participativa, ser aprovada. Nos restam as ruas. Para mudar é preciso fomentar a politização do debate na sociedade, com força social e política, organização de base, acúmulo de forças, mobilização e formulação de um novo projeto de nação e de sociedade que passa, necessariamente, pela construção de outro sistema político. O ceticismo não é somente nosso: Leonardo Sakamoto ressalta no seu blog que “além da pressão via mobilização social, vai sobrar para Deus. Não sou pessoa de fé. Mas se ele existir, que nos ajude”[2].


[1] A esse respeito, ver, por exemplo:

[2] Leonardo Sakamoto: Dez considerações sobre o novo Congresso, que é a cara do Brasil. Ver: http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2015/02/01/dez-consideracoes-sobre-o-novo-congresso-que-e-a-cara-do-brasil/

- Observação: OS ARTIGOS OPINATIVOS PUBLICADOS NO BLOG DO NESP NÃO REPRESENTAM, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DO NÚCLEO, SOBRE O TEMA PAUTADO.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A subrepresentação no Parlamento Brasileiro

Num vídeo bastante didático e objetivo, o INESC (Instituto de Estudos Socioeconômicos) mostra com são sub-representados no Parlamento brasileiro (Câmara dos Deputados e Senado Federal);

- As mulheres;
- Os negros;
- Os jovens;
- Os indígenas...

Assista o vídeo clicando abaixo:

A subrepresentação no Parlamento


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

REFORMA POLÍTICA: UM CONVITE EM DEFESA DO BRASIL



O Brasil é uma nação em construção. Ao longo dos séculos cumprimos importantes tarefas de nossa afirmação nacional. A expulsão dos holandeses do nordeste, a Inconfidência Mineira, a Independência, a Proclamação da República e a Industrialização foram processos históricos que transformaram o curso da História brasileira e nos fortaleceu como país soberano. 

O fortalecimento da nossa Democracia é um dos pilares fundamentais desta longa caminhada de construção da nação. Desde a redemocratização na década de 1980 demos importantes passos neste terreno. Temos uma Constituição resultante de um vigoroso processo de debate no seio da sociedade e já completamos a realização de seis eleições presidências consecutivas. Novas tarefas tem emergido na sociedade brasileira e uma das principais é a premente necessidade de realização de uma Reforma Política. É para contribuir com este próximo passo que lhe convidamos.

É necessário que o povo brasileiro se una pela ampliação das conquistas democráticas realizando um conjunto de reformas estruturais entre as quais a reforma urbana, a reforma agrária, a democratização dos meios de comunicação além de medidas relacionadas com a melhoria dos serviços públicos como saúde, educação e transporte urbano. Todavia consideramos que não há como realizar essas reformas sem antes aprofundar o processo de democratização do poder político no Brasil através de uma Reforma Política Democrática, com ampla participação da sociedade civil. 

A Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas é uma iniciativa de entidades, organizações e movimentos que a mais de um ano decidiram se unir para apresentarem à sociedade uma proposta de Reforma Política e realizar uma campanha unificada pela sua efetivação. Os precursores desta iniciativa foram a CNBB, OAB, MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) e a Plataforma Pela Reforma do Sistema Político. Hoje mais de cem entidades participam da Coalizão Democrática.

O caminho adotado pela Coalizão Democrática foi a elaboração de um projeto de Lei de Iniciativa Popular que altera pontos fundamentais do nosso sistema político. Dentre os pontos do Projeto de Lei estão o fim do financiamento eleitoral por pessoas jurídicas, adoção do sistema de voto em lista para os cargos legislativos, regulamentação dos instrumentos de democracia direta e fortalecimento dos partidos políticos. 

São necessárias um milhão e quinhentas mil assinaturas para o Projeto de lei de iniciativa Popular poder entrar em tramitação no Congresso Nacional. Já foram alcançadas 500 mil. Na fase atual o objetivo é intensificar a coleta de assinaturas e realizar quantos debates, seminários e atividades forem possíveis para conquistar a sociedade para o tema. 

O convite que lhe fazemos é para se tornar membro da Coalizão Democrática Pela Reforma Política e Eleições Limpas e participar da construção de todas as iniciativas da Coalizão em Minas. Somente com uma ampla convergência da sociedade civil será possível dar este decisivo passo na desafiadora estrada que nos levará a um Brasil mais unido, soberano e democrático.

Entre em contato:
Rua Carijós, 136, 9º andar, Centro, Belo Horizonte – MG 
E-mailcoalizaominas@gmail.com 
Facebook: Coalizão Democrática 

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Jornal cria infográfico com doadores e gastos de campanha


Ferramenta interativa mostra para onde foram os R$2,3 bilhões "doados" em 2014

O Jornal O Estado de São Paulo lançou na quinta-feira(29/01) em seu portal na Internet, um gráfico onde são apresentados os gastos e os doadores de cada candidato eleito em 2014 para as câmaras federal e estaduais, Senado, governos e presidência. 


Os dados apresentados informam que cada um dos eleitos receberam, em média, cerca de 1,4 milhão de reais para suas campanhas.

Segundo o portal, este valor se refere às doações do total declarado na prestação de contas final divulgada pelos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


Acesse o infográfico "Os Padrinhos" (quem recebeu quanto e de quem) no link: http://estadaodados.com/padrinhos/#.VM9tfNLF_h9 .


Fonte: mcce.org.br e Portal Estadão
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