quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Alimentos têm resíduo de agrotóxico acima do permitido no País, diz Anvisa

Relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aponta que boa parte de frutas, legumes e verduras consumidos pelos brasileiros apresenta altas taxas de resíduos de agrotóxico. O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), ao qual o Portal Terra teve acesso, mostra que 36% das amostras analisadas em 2011 e 29% das amostras de 2012 apresentaram irregularidades.
A pesquisa estabelece dois tipos de irregularidades, uma quando a amostra contém agrotóxico acima do Limite Máximo de Resíduo (LMR) permitido e outra quando a amostra apresenta resíduos de agrotóxicos não autorizados para o alimento pesquisado. Das amostras insatisfatórias, cerca de 30% se referem a agrotóxicos que estão sendo reavaliados pela Anvisa.
A Anvisa analisou 3.293 amostras de 13 alimentos monitorados: abacaxi, alface, arroz, cenoura, feijão, laranja, maçã, mamão, morango, pepino, pimentão, tomate e uva. A escolha dos alimentos baseou-se nos dados de consumo obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na disponibilidade destes alimentos nos supermercados no Distrito Federal e nos Estados e no perfil de uso de agrotóxicos nestes alimentos.
De acordo com a Anvisa, pelo menos dois agrotóxicos que nunca foram registrados no Brasil foram detectados nas amostras: o azaconazol e o tebufempirade. "Isto sugere que os produtos podem ter entrado no Brasil por contrabando", diz a agência.
Pimentão lidera ranking de irregularidades
O alimento campeão de irregularidades é o pimentão. Das 213 amostras analisadas em 2011, 89% apresentaram violações - a grande maioria por uso de agrotóxicos não autorizados. Em 2012, o produto não foi analisado.

Depois do pimentão, aparecem a cenoura, com irregularidades em 67% das amostras analisadas em 2011 e 33% em 2012; o morango (59% em 2012, ficando de fora da análise de 2011); o pepino (44% em 2011 e 42% em 2012); o alface (43% em 2011); e o abacaxi (41% em 2012).
Anvisa propõe rastreamento de produtos vegetais
Segundo a Anvisa, os resultados do Para 2011/2012 mostram que ainda é preciso investir na formação dos produtores rurais e no acompanhamento do uso de agrotóxicos. Após a divulgação do relatório, a Anvisa pretende criar o Grupo de Trabalho de Rastreabilidade, com o objetivo de elaborar uma proposta de normatização para disciplinar a rotulagem e a rastreabilidade de produtos vegetais in natura, "dispostos para o consumo humano, em toda a cadeia de distribuição e comercialização".

De acordo com portaria elaborada pelo presidente da Anvisa, Dirceu Brás Aparecido Barbano, ainda não publicada, a medida seria uma resposta à "situação de resíduos de agrotóxicos encontrados" nas amostras analisadas pelo relatório da agência, "considerando a necessidade do incremento de políticas públicas voltadas à segurança do alimento".
O grupo de trabalho deverá ainda "definir estratégias que difundam a necessidade de rotulagem e rastreabilidade junto a todos os Estados e Distrito Federal", e contará com representantes de cada uma das regiões do País.
Relatório mostra cuidado de agricultores, diz indústria
Em nota, a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), que congrega as empresas que desenvolvem e produzem agrotóxicos, afirma que os resultados do levantamento da Anvisa demonstram a preocupação dos produtores rurais "em melhorar o manejo da lavoura quando aplicam os produtos". "O resultado aponta 64% das amostras analisadas em 2011 e 71% das amostras analisadas em 2012 estão em perfeita conformidade com as normas da estabelecidas pela agência", afirma Eduardo Daher, diretor-executivo da Andef.

Apesar de fazer a ressalva de que ainda não teve acesso ao relatório da Anvisa, Daher diz que os resultados comprovam que "o agricultor utiliza esta tecnologia com muito critério". "O agricultor sabe muito bem o custo da adoção de tecnologias em sua lavoura, por isso, não utiliza de forma inadequada os insumos que melhoram sua produtividade - sementes, máquinas, fertilizantes e defensivos agrícolas, entre outros", conclui.
(Fonte: PORTAL TERRA).

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

ARTIGO DE DOM WALMOR: Grupos de fé e política



Dom Walmor Oliveira de Azevedo
A Igreja Católica, à luz da consciência de sua missão de anunciar o Evangelho da vida, assume o compromisso essencial com a caridade e a justiça. A caridade, coração da experiência da fé, não pode jamais ser dissociada da justiça. Sua autenticidade se comprova pelo permanente respeito e empenho para a efetivação de tudo o que é justo. Óbvio se torna que todos os que professam a sua fé em Cristo Jesus, cultivando a sua condição cidadã, têm responsabilidades e compromissos com a política. A arte da política é instrumento de busca e efetivação da justiça.

O compromisso cidadão de participar na política agrega ao horizonte dos que creem os parâmetros e princípios da fé. Na vivência dos valores do Evangelho de Jesus Cristo, brota uma moralidade indispensável na prática política que tem força para correção de rumos e propriedade para importantes contribuições. Qualifica, assim, todos os ordenamentos - a área econômica, social, legislativa, administrativa e cultural - na busca pelo bem comum. A participação na política é, portanto, um direito e um dever. E esse compromisso de participar se fortalece com a fé.

O bem comum se alcança quando a justiça é assumida como virtude, gerando uma força moral sustentadora que impede a perda de rumos e promove o respeito a cada pessoa e a toda sociedade, particularmente ao que se configura como patrimônio público. A Constituição Gaudium et Spes n.76 do Concílio Vaticano II, iluminando o caminho da sociedade e a participação cidadã e de fé dos discípulos de Jesus Cristo, faz uma preciosa indicação para clarear entendimentos: “É de grande importância, sobretudo onde existe uma sociedade pluralista, que se tenha uma compreensão exata das relações entre a comunidade política e a Igreja, e ainda que se distingam as atividades que os fiéis, isoladamente ou em grupo, desempenham em próprio nome, como cidadãos guiados pela consciência de cristãos, e aquelas que eles exercem em nome da Igreja, e em união com os seus pastores. A Igreja, que em razão de sua missão e competência, de modo algum se confunde com a sociedade nem está ligada a qualquer sistema político determinado, é, ao mesmo tempo, o sinal e salvaguarda da transcendência da pessoa humana”.

As devidas distinções são importantes para se tecer adequadamente a dinâmica da vivência da fé na comunidade eclesial e o exercício da própria cidadania sem jamais perder o horizonte largo e límpido que o Evangelho desenha. O entendimento lúcido da experiência da fé e o nobre sentido do que é a política, conforme indicado no Concílio Vaticano II, impulsionaram a formação dos grupos de fé e política. Trata-se de uma rede com a desafiadora meta de ajudar os cristãos na vivência de sua cidadania civil e de sua cidadania eclesial, marcadas pelos valores do Evangelho e pelos compromissos daí decorrentes. Isso significa um olhar sobre a realidade capaz de promover o sentido da solidariedade e sua vivência, fazendo diferença nas dinâmicas que configuram os rumos da sociedade contemporânea.

Os grupos de fé e política cumprem uma imprescindível tarefa educativa e prestam um serviço qualificado, acima de simples interesse partidário. Exercem a cidadania à luz do Evangelho. Eles são uma efetiva possibilidade de corrigir descompassos notados na sociedade quando se confunde a relação entre fé, religião e política, especialmente no que diz respeito a instituições e eleições. É lamentável quando se fala de bancada confessional. Um parlamento se configura por razões políticas nobres e cidadãs. Jamais por interesses cartoriais de grupos religiosos.

Os que exercem cargos importantes em instituições, têm responsabilidades e participam da vida cidadã, devem fazer do seu testemunho de fé um raio luminoso. Grupos de fé e política não são reforço partidário e ideológico. Constituem-se em espaços educativos que animam a cidadania à luz da fé, oferecendo contribuição indispensável à sociedade. Em comunhão com outras comunidades eclesiais pelo Brasil afora, a Arquidiocese de Belo Horizonte já tem tradição em investir na formação desses grupos, por meio de seu Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp), da PUC Minas e do Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política. Vivencia assim, como compromisso de fé, a qualificação no exercício da política.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
- Publicado no site da Arquidiocese de Belo Horizonte e no Jornal Estado de Minas, de 25/10/2013

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Curso a distância sobre planejamento e orçamento público é aberto à sociedade


O curso a distância Planejamento e Orçamento Público estará aberto na plataforma virtual de ensino-aprendizagem da ALMG ( http://ead.almg.gov.br/moodle/) a partir do dia 14 de outubro, até o próximo dia 04 de dezembro. 

Dirigido aos representantes da sociedade civil que irão atuar nas audiências públicas de revisão do PPAG 2012-2015, o curso é aberto também aos cidadãos, interessados em conhecer e acompanhar a discussão e tramitação das peças orçamentárias na ALMG.

Com uma carga horária de 12 horas, o curso exigirá do aluno uma dedicação em torno de 1 hora por dia ou, conforme a disponibilidade dos participantes, com horas concentradas ou distribuídas ao longo do período da sua oferta. 

Para ter acesso ao curso, as pessoas interessadas deverão primeiro fazer a sua inscrição, pela plataforma de educação a distância da ALMG, até o próximo dia 21 de novembro. Quem ainda não está cadastrado nesta plataforma, deverá primeiro preencher o formulário de cadastramento, antes de solicitar a inscrição. 

Caso tenham dúvidas ou problemas de acesso à plataforma, encaminhem mensagem para o suporte.ead@almg.gov.br.

Ainda há vagas para o curso presencial sobre orçamento público
O curso presencial Planejamento e Orçamento Público – PPAG 2012-2015/Revisão 2014 e LOA 2014 é também dirigido à sociedade e será oferecido no dia 25 de outubro, de 9 às 12 horas, na Escola do Legislativo. 

As inscrições deverão ser efetuadas até o próximo dia 23 de outubro, pelo e-mail escola.eventos@almg.gov.br, informando o título do curso, o nome completo do participante, telefone e endereço para contato e a entidade que representa (com endereço completo).

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Curso capacita lideranças populares em Direitos Humanos



A Comissão Pastoral de Direitos Humanos da Arquidiocese de Belo Horizonte realiza, neste semestre,  o 5º Curso de Educação Popular em Direitos Humanos, com a finalidade de esclarecer agentes e cidadãos sobre seus direitos e a melhor forma de reivindicá-los, junto ao poder público.  São 40 horas-aula, ministradas em 10 encontros semanais, na sede do Vicariato Episcopal para a Ação Social. O objetivo é capacitar lideranças de movimentos sociais, agentes pastorais e comunitários, estudantes e promotores de direitos humanos.

Além do Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política da Arquidiocese de BH,  o curso tem o apoio do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Arquidiocese de BH (Nesp) e da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte (Faje). Segundo a coordenadora da Pastoral, Emely Vieira Salazar, os professores procuram transmitir aos participantes o conceito  cristão de direitos humanos, mostrando que cada pessoa nasce com esse direito  e a dignidade de filho de Deus.

É fundamental termos consciência de que não devemos esperar ter nosso direito pessoal ameaçado ou violado para exigir que Estado e governos cumpram seus compromissos
O público alvo do curso são pessoas que se interessam por essas questões e, geralmente, já estão envolvidas no trabalho de defesa da cidadania. Entre os frequentaddores estão profissionais de direito, serviço social, religiosos e pessoas que trabalham com as comunidades.

 “É importante que todos se envolvam na promoção dos direitos humanos, pois somos brasileiros e é fundamental termos consciência de que precisamos agir de modo amplo, ou seja, não esperar ter nosso direito pessoal ameaçado ou violado para exigir do Estado e dos governos que cumpram seus compromissos com os cidadãos”.

Convencer as pessoas dessa necessidade, de acordo com Emely Salazar, é um desafio, pois, além  do individualismo que leva a pessoa a só agir quando se sente diretamente prejudicada, é preciso mostrar que o papel da Pastoral dos Direitos Humanos não é "só defender bandidos", como muitos afirmam, mas preservar e promover a dignidade de todo ser humano.“É preciso ter a clareza de que, se  aquele que comete atos infracionais não tiver consciência de sua dignidade e, consequentemente,  de que é capaz de se recuperar, ele jamais vai se ressocializar.  E, deste modo, fica difícil romper o ciclo vicioso que faz das prisões escolas do crime, de onde as pessoas saem piores do que ali chegaram”, adverte. 

 
Emely Vieira Salazar
Emely Salazar cita como exemplo positivo de reinserção social de detentos, por meio do respeito à dignidade humana, os resultados obtidos pela APAC -  Associação de Proteção e Assistência aos Condenados, que conta com o apoio da Arquidiocese de Belo Horizonte.  Essa sigla dá nome às unidades que adotam um método baseado na corresponsabilidade dos detentos (chamados recuperandos) pela sua recuperação e na assistência espiritual, médica, psicológica e jurídica, prestada pelas comunidades onde se situam. De acordo com dados do Tribunal de Justiça de Minas Gerais,   a reincidência é de 15%, contra 70 a 80% do sistema prisional tradicional.

O curso mostra como o cidadão pode acionar o poder público a seu favor, o difícil acesso à defensoria pública e a outros direitos do cidadão
Para oferecer essa visão ampla dos direitos humanos, o curso oferecido pela pastoral conta com disciplinas como Direito Internacional, Direito Constitucional, Política,  Direitos Sociais, Direitos Humanos e Fundamentação Teológica. Além disso, o Curso de Direitos Humanos mostra como o cidadão pode acionar o poder público a seu favor, e superar problemas como o difícil acesso à defensoria pública e a outros direitos do cidadão. “Se a Constituição fosse respeitada  não precisaríamos de mais nada, mas o maior violador dos direitos do cidadão é o Estado. Contradição que precisamos estar preparados para enfrentar”,  afirma.

O próximo Curso de Direitos Humanos será em Ribeirão das Neves, no primeiro semestre de 2014.  As pessoas interessadas em participar ou de realizá-lo em suas comunidades podem entrar em contato com a Pastoral de Direitos Humanos,  diariamente, a partir das 14h, pelo telefone 2428-8370.

Fonte: Opinião e Notícias

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Penitenciárias privadas batem recorde de lucro com política do encarceramento em massa


Um único complexo penitenciário na Geórgia tem superavit anual de 50 milhões de dólares

 "A nossa companhia foi fundada no princípio que poderíamos, sim, vender prisões. Da mesma forma como se vendem carros, imóveis ou hambúrgueres".  Simples e objetivo, um dos fundadores da CCA (Corrections Corporation of América), responsável pela privatização de dezenas de penitenciárias nos EUA, define sua área de atuação.


Desde a inauguração em 1983, a empresa passou a fazer parte do seleto grupo das multibilionárias dos EUA com um "produto" no mínimo controverso: prender pessoas. A lógica de mercado é simples: quanto mais presos os centros penitenciários abrigam, mais verbas federais são repassadas para a CCA e outras prisões, aumentando gradati vamente os lucros. Segundo o instituto Pew Charitable Trusts, o setor registra recordes consecutivos de lucro no decorrer dos últimos anos e é o segundo mais rentável aos investidores do país.

O maior complexo penitenciário da CCA em Lumpkin, Geórgia, por exemplo, recebe 200 dólares por cada preso todos os dias, rendendo um lucro anual de 50 milhões de dólares. Além disso, a empresa potencializa os vencimentos cobrando cinco dólares pelo minuto das ligações telefônicas - provavelmente a taxa por minuto mais cara do planeta. Os presos que trabalham no local - não importa quantas horas - recebem um dólar pelo dia trabalhado.


“Prender pessoas virou um negócio absolutamente lucrativo para iniciativa privada em especial para os lobistas que vão até Washington para garantir que as leis e a legislação do país funcionem para garantir que os pobres continuem sendo enviados ao cárcere”, afirma o cientista político Chris Kirkham ao portal Huffington Post.

Com a implantação da dinâmica de mercado às prisões, a população carcerária dos EUA teve um crescimento de mais de 500% - valor que representa 2,2 milhões de pessoas nas prisões norte-americanas. Os EUA, aliás, abrigam 25% da população carcerária do mundo.

Assim como Kirkman, ativistas sociais e grupos ligados aos Direitos Humanos acusam o governo e a iniciativa privada de promover uma “máquina”, que “gera pobres e marginalizados” para serem enviados à prisão mais tarde. “É um sistema de encarceramento massivo. Ou seja, você precisa promover a pobreza e não oferecer suporte – como educação de qualidade. Então, não resta outro caminho a não ser a criminalidade e, depois, a prisão. É um círculo que ajuda a manter as penitenciárias privadas lucrando”, afirma o ativista norte-americano Michael Snyder.

Os EUA gastaram cerca de 300 bilhões de dólares desde 1980 para expandir o sistema penitenciário. A justificativa oficial de Washington  para a utilização de prisões privadas, reiterada ao longo dos anos, é que compensa pagar uma quantia per capita às penitenciárias por preso a ter que arcar pelos custos de manutenção das prisões.
  
Situação dramática para negros

Se no contexto geral a política de encarceramento massivo já é crítica para as camadas populares, quando observado apenas entre os negros, o cenário é ainda mais dramático: estão presos 40% dos homens negros entre os 20 e 30 anos que não concluíram o ensino médio. Segundo o instituto de pesquisas sociais Pew Charitable Trusts, homens negros que não tiveram chance de concluir os estudos têm mais chances de serem presos do que conseguirem um trabalho.

Segundo dados oficiais, cerca de metade da população carcerária dos EUA é composta por negros. Em contrapartida, 12% da população norte-americana é composta por afro-americanos. “A pobreza é uma armadilha para a prisão. E quem mais sofre com isso são os negros que são estão em desvantagem na sociedade norte-americana”, afirma o professor da sociologia de Harvard, Bruce Western.


Fonte: Opera Mundi

Opera Mundi: Mapa da desigualdade em 2013: 0,7% da população detém 41% da riqueza mundial

Nova pesquisa revela que PIB mundial atinge maior valor da história, mas divisão segue extremamente desigual

 
Cinco anos depois do início da crise econômica mundial, marcada pela quebra do banco norte-americano Lehamn Brothers, os indicadores financeiros seguem apontando para uma concentração da riqueza ao redor do globo. De acordo com o relatório "Credit Suisse 2013 Wealth Report", um dos mapeamentos mais completos sobre o assunto divulgados recentemente, 0,7% da população concentra 41% da riqueza mundial. 


Em valor acumulado, a riqueza mundial atingiu em 2013 o recorde de todos os tempos: US$ 241 trilhões. Se este número fosse dividido proporcionalmente pela população mundial, a média da riqueza seria de US$ 51.600 por pessoa. No entanto, nã o é o que acontece. Veja abaixo o gráfico da projeção de cada país se o PIB fosse dividido pela população:





A Austrália é o país com a média de riqueza melhor distribuída pela população entre as naçõ es mais ricas do planeta. De acordo com o estudo, os australianos têm média de riqueza nacional de U$219 mil dólares.

Apesar de serem o país mais rico do mundo em termos de PIB (Produto Interno Bruto) e capital produzido, os EUA têm um dos maiores índices de pobreza e desigualdade do mundo. Se dividida, a riqueza dos EUA seria, em média, de mais de US$110 mil dólares. No entanto, é atualmente de apenas US$ 45 mil dólares - menos da metade.

Entre os países com patrimônio médio de US$ 25 mil a US$ 100 mil se destacam emergentes como Chile, Uruguai, Portugal e Turquia. No Oriente, Arábia Saudita, Malásia e Coreia do Sul. A Líbia é o único país do continente africano neste grupo. A África, aliás, continua com o posto de continente com a menor riqueza acumulada.

Mesmo com o crescimento da riqueza mundial, a desigualdade social continua com índices elevados. Os 10% mais ricos do planos detêm atualmente 86% da riqueza mundial. Destes 0,7% tem posse de 41% da riqueza mundial.

Veja no gráfico abaixo a pirâmide da riqueza. Apenas 0,7% da população detém US$ 98,7 trilhões de dólares:


 


Os pesquisadores da Credit Suisse também fizeram uma projeção sobre o crescimento dos milionários ao redor do mundo nos próximos cinco anos. Polônia e Brasil, com 89% e 84% respectivamente, são os países que mais vão multiplar seus milionários até 2013. No mesmo período, os EUA terão um aumento de 41% do número de milionários, o que representa cerca de 18.618 de pessoas com o patrimônio acima de 1 milhão de dólares.

Leia mais:
Milionário finlandês é multado em R$ 280 mil por dirigir acima do limite de velocidade

Em meados deste ano, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) divulgou um estudo sobre o crescimento da desigualdade social nos países desenvolvidos, como consequência da crise financeira.

A organização diz que o número de pobres cresceu entre 2010 e 2011 em 14 das 26 economias desenvolvidas, incluindo EUA, França, Espanha e Dinamarca. Nos mesmos países, houve forte aumento do desemprego de longa duração e a deterioração das condições de trabalho. Atualmente, o número de desempregados no mundo supera os 200 milhões.


Em contrapartida, entre os países do G20, o lucro das empresas aumentou 3,4% entre 2007 e 2012, enquanto os salários subiram a penas 2,2%.

Segundo informações da imprensa europeia, na Alemanha e em Hong Kong, os salários dos presidentes das grandes empresas chegaram a aumentar 25% de 2007 a 2011, chegando a ser de 150 e 190 vezes maiores que o salário médio dos trabalhadores do país. Nos Estados Unidos, essa proporção é de 508 vezes.

Wikicommons

Centro comercial em Hong Kong: um dos maiores centros empresariais e de riqueza do mundo

América Latina

Na contramão das grandes potências, a situação econômica e social da América Latina melhorou. Entre 2010 e 2011, 57,1% da população dos países da região estava empregada, um ponto percentual a mais que em 2007, último levantamento antes da crise financeira internaciona l.

Em alguns países, como Colômbia e Chile, o aumento superou quatro pontos percentuais. Com o aumento do trabalho assalariado, cresceu também a classe média. Na comparação entre 1999 e 2010, a população dentro do grupo social cresceu 15,6% no Brasil e 14,6% no Equador.


No entanto, a OIT destaca que a região ainda enfrenta como desafios a desigualdade social, maior que a média internacional, e o emprego informal. A média da região é de 50%, sendo que em países mais pobres, como Bolívia, Peru e Honduras, supera os 70%.

Em todo o mundo, a organização afirma que há mais de 200 milhões de desempregado s. A expectativa é que, ao final de 2015, esse número chegue a 208 milhões.

Fonte: OPERA MUNDI

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Um novo retrato da desigualdade global


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Distância entre nações reduziu-se, mas elite de super-ricos isolou-se ainda mais. Tornou-se claro: injustiças não são “naturais”, mas cuidadosamente produzidas
Por Joseph Stiglitz, no blog The Great Dividedo New York Times | Imagem: Javier Jaen | Tradução: Antonio Martins
Sabe-se perfeitamente hoje que as desigualdades de renda e riqueza na maior parte dos países ricos, e especialmente nos Estados Unidos, dispararam, nas últimas décadas e, de modo trágico, agravaram-se ainda mais desde a Grande Recessão. Mas e no resto do mundo? A distância entre os países está se reduzindo, à medida que potências econômicas como a China e Índia resgatam centenas de milhões de pessoas da pobreza? E no interior das nações pobres e de riqueza média, a desigualdade está piorando ou sendo reduzida? Estamos caminhando para um mundo mais igual ou mais injusto?
São questões complexas. Uma pesquisa de um economista do Banco Mundial de nomeBranko Milanovic, junto com outros acadêmicos, começou a apontar algumas respostas.
A partir do século 18, a revolução industrial produziu um aumento gigantesco da riqueza na Europa e América do Norte. É claro, a desigualdade nestes países era chocante. Pense nas indústrias têxteis de Liverpool e Manchester, na Inglaterra dos anos 1820, ou nas favelas do baixo Leste de Manhattan ou do Sul de Chicago, nos 1890. Mas o abismo entre os ricos e o resto, como um fenômeno global, alargou-se ainda mais até a II Guerra Mundial. Àquela época, a desigualdade entre os países era maior que a desigualdade em seu interior.
Mas depois da Guerra Fria, no final dos anos 1980, a globalização econômica se acelerou e a distância entre as nações começou a encolher. O período entre 1988 e 2008 “pode ter representado o primeiro declínio na desigualdade global entre cidadãos do mundo desde a Revolução Industrial”, diz Milanovic, que nasceu na antiga Iugoslávia. É o autor de Os que têm e os que não têm: uma história breve e idiossincrática da desigualdade global [sem edição em português], um texto publicado em novembro último. Embora a distância entre algumas regiões tenha diminuído notavelmente – em especial, entre a Ásia e as economias avançadas do Ocidente –, persistem grandes abismos. As rendas globais, por país, aproximaram-se umas das outras nas últimas décadas, particularmente devido à força do crescimento da China e Índia. Mas a igualdade geral entre os seres humanos, considerados como indivíduos, melhorou muito pouco. O coeficiente de Gini, uma medida de desigualdade, melhorou apenas 1,4 pontos, entre 2002 e 2008. 
Ou seja: embora nações da Ásia, do Oriente Médio e da América Latina como um todo, possam estar se aproximando do Ocidente, os pobres são deixados para trás em toda parte – inclusive em países como a China, onde beneficiaram-se de alguma forma da melhora dos padrões de vida. Entre 1988 e 2008, descobriu Milanovic, a renda do 1% mais rico do planeta cresceu 60%, enquanto os 5% mais pobres não tiveram mudança em seus rendimentos. E embora as rendas médias tenham melhorado bastante, nas últimas décadas, há ainda enormes desequilíbrios: 8% da humanidade abocanham 50% da renda global; o 1% mais rico fica, sozinho, como 15%. Os ganhos de renda foram maiores entre a elite global – executivos financeiros e corporativos nos países ricos – e entre as grandes “classes médias emergentes” da China, Índia, Indonésia e Brasil. Quem perdeu? Os africanos, alguns latino-americanos e gente na Europa Oriental pós-comunista e na antiga União Soviética, apurou Milanovic.
Os Estados Unidos oferecem um exemplo particularmente sombrio para o mundo. E como, de diversas maneiras, eles “lideram o mundo”, se outros seguirem seu padrão não poderemos esperar por um futuro mais justo.
Por um lado, a ampliação das desigualdades de renda e riqueza nos EUA é parte de uma tendência mundial. Um estudo de 2011, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), verificou que as desigualdades começaram a crescer no final dos anos 1970 e início dos 80, nos EUA e Grã-Bretanha (além de Israel). A tendência começou a se espalhar pelo mundo no final dos anos 1980. Na última década, as desigualdades de renda cresceram mesmo em países tradicionalmente mais igualitários, como Alemanha, Suécia e Dinamarca. Com algumas poucas exceções – França, Japão, Espanha – os 10% mais ricos, na maior parte das economias avançadas, dispararam, enquanto os 10% mais pobres ficaram para trás.
Mas a tendência não foi universal, nem inevitável. Nestes mesmos anos, países como Chile, México, Grécia, Turquia e Hungria conseguiram reduzir de modo significativo as desigualdades de renda (em aluns casos, muito altas). Isso sugere que a desigualdade é um produto da política, e não apenas de forças macroeconômicas. Não tem amparo nos fatos a ideia de que a desigualdade é um subproduto inevitável da globalização, do livre movimento de trabalho, capital, bens e serviços, ou das mudanças tecnológicas que favorecem os assalariados melhor formados ou capacitados.
Entre as economias avançadas, os EUA têm algumas das piores disparidades de renda e oportunidades, com consequências macroeconômicas devastadoras. O Produto Interno Bruto (PIB) do país mais que quadruplicou, nos últimos quarenta anos, e quase dobrou nos últimos 25, mas, como se sabe agora, os benefícios concentraram-se no topo – e, cada vez mais, no topo do topo.
No ano passado, o 1% dos norte-americanos mais ricos apoderou-se de 22% da renda da país. O 0,1% mais rico, sozinho, abocanhou 11%. E 95% de todos os ganhos de renda desde 2009 foram para o 1% mais rico. Estatísticas recentes demonstram que a renda mediana nos EUA não cresceu em quase um quarto do século. O homem norte-americano típico ganha menos do que ganhava há 45 anos, se considerada a inflação; homens que terminaram o ensino médio mas não completaram quatro anos de ensino superior recebem quase 40% menos do que há quatro décadas.
A desigualdade norte-americana começou a crescer há trinta anos, impulsionada por reduções de impostos para os ricos e relaxamento das regulamentações do mercado financeiro. Não é coincidência. O fenômeno foi agravado devido a investimentos insuficientes em infraestrutura, educação e saúde, e em redes de seguridade social. O aumento da desigualdade avança em espiral, ao corroer o sistema político e a governança democrática.
E a Europa parece ansiosa para seguir o mau exemplo dos EUA. A adesão a políticas de “austeridade”, da Grã-Bretanha à Alemanha, está conduzindo a desemprego alto, salários em queda e desigualdade crescente. Governantes como Angela Merkel, a chanceler alemã reeleita, e Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu, argumentam que os problemas europeus resultam de dispêndios exagerados com o estado de bem-estar social. Mas esta linha de raciocínio apenas mergulhou o continente em recessão (ou mesmo depressão). O fato de o processo ter atingido o fundo do poço (a recessão “oficial” pode ter terminado) oferece pouco conforto para os 27 milhões de desempregados na União Europeia. Em ambos os lados do Atlântico Norte, os fanáticos da “austeridade” dizem: “vamos em frente; são pílulas amargas de que precisamos para alcançar a prosperidade”. Mas prosperidade para quem?
A financeirização excessiva – que ajuda a explicar a condição britânica de segundo país mais desigual (depois dos EUA), entre as economias avançadas – também permite compreender os mecanismos da desigualdade. Em muitos países, controles débeis sobre as empresas e coesão social erodida produziram abismos crescentes entre os rendimentos dos executivos-chefes e dos trabalhadores comuns. Ainda não se chegou ao nível de 500 x 1, das maiores corporações norte-americanas (segundo estatísticas da Organização Internacional do Trabalho), mas a níveis bem mais alto que os de antes da recessão. O Japão, que reduziu os salários dos executivos, é uma exceção notável. As inovações norte-americanas em rent-seeking – enriquecer não por meio de um aumento do tamanho do bolo, mas manipulando o sistema para abocanhar uma fatia maior – tornaram-se globais.
A globalização assimétrica produziu efeitos em todo o mundo. A mobilidade do capital obrigou os trabalhadores a fazer concessões salariais, e os governos a oferecer benefícios fiscais. O resultado é uma corrida para baixo. Os salários e condições de trabalho estão sob ameaça. Empresas pioneiras, como a Apple, cuja atividade baseia-se em grandes avanços científicos e tecnológicos (muitos dos quais, financiados pelos governos) também mostraram grande destreza em evitar impostos. Apropriam-se do esforço coletivo, mas não dão nada em retorno.
A desigualdade e pobreza entre as crianças é um desastre moral mais chocante. Elas desmentem as hipóteses da direita, segundo as quais a pobreza resulta de preguiça e escolhas erradas: as crianças não podem escolher seus pais. Nos EUA, uma em cada quatro crianças vive na pobreza; na Espanha e Grécia, uma em cada seis; na Austrália, Grã-Bretanha e Canadá, mais de uma em cada dez. Nada disso é inevitável. Alguns países optaram por criar economias menos desiguais: a Coreia do Sul, onde há meio século apenas uma em cada dez pessoas chegava à universidade, tem hoje um dos índices mais altos de acesso ao ensino superior.
Por todas estas razões, penso que estamos caminhando para um mundo dividido não apenas entre os que têm e os que não têm. Alguns países terão sucesso ao criar prosperidade compartilhada – a única que, a meu ver, é verdadeiramente sustentável. Outros, deixaram a desigualdade correr solta. Nestas sociedades divididas, os ricos irão se encastelar em bairros murados, quase completamente separados dos pobres, cujas vidas serão quase insondáveis para eles – e vice-versa. Visitei sociedades que parecem ter escolhido este padrão. Não são lugares em que a maior parte de nós gostaria de viver – seja nos enclaves enclausurados, seja nas favelas em desespero.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Segundo DataFolha, ideologia interfere pouco na decisão de voto

No Brasil, há uma quantidade bem maior de eleitores identificados com valores de direita do que de esquerda. O primeiro grupo reúne 49% da população, enquanto os esquerdistas são 30%. Isso, porém, produz pouco impacto nos índices de intenção de voto para presidente em 2014.

Os dados são do Datafolha, que na pesquisa eleitoral de sexta-feira passada também investigou a inclinação ideológica do eleitorado.

Conforme os dados do instituto, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT e favorita na disputa, tem praticamente o mesmo padrão de votação entre eleitores identificados com valores de direita, centro-direita, centro e centro-esquerda.

No cenário mais provável da disputa, Dilma tem 42% das intenções totais de voto, contra 21% do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e 15% do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

Da direita à centro-esquerda, as variações das intenções de voto em Dilma ocorrem sempre dentro da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos para mais ou para menos .

Juntos, os eleitores identificados como de direita, centro-direita, centro e centro-esquerda representam 96% do eleitorado, conforme a escala de comportamento político elaborado pelo Datafolha.

LEIA A REPORTAGEM COMPLETA CLICANDO AQUI >>>


SEGUNDO PESQUISA, ACREDITAR EM DEUS TORNA AS PESSOAS MELHORES

Na realização da pesquisa que identificou que quase metade do eleitorado brasileiro (49%) é ideologicamente de direita, o Datafolha utilizou um questionário com uma série de perguntas sobre valores sociais e políticos.

Para 85% dos entrevistados, acreditar em Deus torna as pessoas melhores, tendência mais associada à direita. No polo oposto, 69% acham que a posse de armas deve ser proibida, pois isso ameaça a vida de outras pessoas, entendimento mais comum entre os esquerdistas.

As questões tinham temas como pena de morte, homossexualidade, a importância da religião no caráter das pessoas e as causas da criminalidade e da pobreza.

Veja o gráfico com as opiniões com valores ideológicos de DIREITA e de ESQUERDA, 



terça-feira, 8 de outubro de 2013

Puxadores de votos filiam-se a partidos políticos para eleições 2014

A expectativa de renovação de pelo menos 60% da Câmara dos Deputados em 2014 faz com que partidos políticos busquem celebridades para alavancar o número de votos conquistados e, assim, impedir a diminuição de suas bancadas. A renovação, de acordo com dirigentes das siglas, é resultado dos protestos de junho, que expressaram demanda dos eleitores por mudanças na representação política. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Nomes como do goleiro do Sport Recife, Magrão (PSB-PE), do cirurgião plástico Dr. Rey (PSC-SP) e do pagodeiro Belo (PTB-SP) são exemplos dos chamados “puxadores de votos”, já que a popularidade desses candidatos poderia abrir espaço para mais vagas na bancada dos partidos.
"A estratégia é procurar nomes conhecidos, que sejam assimilados pela população com facilidade", diz Carlos Lupi, presidente nacional do PDT. Uma das apostas da sigla é o ex-pagodeiro e cantor gospel Vaguinho (RJ). Isso ocorre porque os bem votados repassam parte de seus votos para colegas de coligação, a partir do sistema conhecido como quociente eleitoral.
"Quem é conhecido, mas não é político, e que pode contemplar essa ideia de novidade? Artista e jogador de futebol", explica ao jornal Márcio França, presidente do PSB-SP. A sigla, que acabou de ganhar o reforço de Marina Silva para a disputa presidencial, terá como representantes, além do goleiro Magrão, o presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, e o astronauta Marcos Pontes (SP) à Câmara. Outro famoso que já faz parte da legenda é o ex-jogador Romário (RJ), que tentará a reeleição.
Até os partidos tradicionais, como PT e PSDB passaram a adotar a técnica de puxadores de votos. Na semana passada, os tucanos filiaram o jogador de Vôlei Giba (PR) e seu ex-colega de quadra Giovane (MG). Já os petistas fecharam com o ex-jogador Marcelinho Carioca, em São Paulo. Marcelinho deverá concorrer ao cargo de Deputado Estadual, apesar de não ter conseguido se eleger no ano passado, quando disputou uma vaga na Câmara Municipal.
Fonte: Site Terra

Com Atlético-MG e Cruzeiro em alta, partidos filiam seus presidentes

No momento em que o futebol mineiro aparece na crista da onda com o título da Copa Libertadores conquistado pelo Atlético-MG, em julho, e a liderança isolada do Campeonato Brasileiro pelo Cruzeiro, os seus respectivos presidentes se tornaram alvo da política partidária.

O PSB de Eduardo Campos atraiu para seus quadros o atleticano Alexandre Kalil, investimento que exigiu a participação direta do governador pernambucano, que busca reforçar, em Minas Gerais, seu eventual palanque presidencial.

Já o PV trouxe para o partido o cruzeirense Gilvan de Pinho Tavares, que assumiu há menos de um ano o clube mineiro, em meio a desconfianças de conselheiros e torcedores sobre sua capacidade de suceder com sucesso a gestão dos irmãos Perrella --cuja maior expressão é o senador Zezé Perrella (PDT-MG), ex-suplente que ganhou o posto com a morte de Itamar Franco (1930-2011).

"Ficamos muito felizes por ele [Oliveira] ter aceitado nosso convite para se filiar. É lógico que a boa situação da equipe pode trazer uma influência eleitoral para ele", disse o presidente do PV-MG, Agostinho Patrus Filho, reconhecendo o ganho para o partido: "Sem dúvida, é importante".

Ainda não se sabe por quais cargos Kalil e Oliveira deverão concorrer. O cruzeirense disse que pretende deixar a decisão para o PV. O mais provável é que ele concorra a deputado estadual.

Nos bastidores, o PV diz que Oliveira pode ajudar a eleger até cinco deputados --atualmente o partido tem seis cadeiras no Legislativo mineiro.

O atleticano Kalil, se filiou ao PSB na quinta-feira (3), com a presença de Eduardo Campos, pode concorrer ao Senado, mas é possível que ele não aceite a empreitada se o governador Antonio Anastasia (PSDB) decidir concorrer também para senador.

O PSB também busca puxadores de votos para eleger mais deputados federais e estaduais em Minas Gerais, além de alguém com projeção para dar palanque a Campos no Estado.
Pessoas ligadas ao futebol sempre foram bem recebidas nos partidos, já que são considerados puxadores de votos. É o caso do ex-atacante Marques, do Atlético-MG, que em 2010 se elegeu pelo PTB, ajudando o partido a manter cinco cadeiras na Assembleia Legislativa.

Outro da bancada do futebol que chegou em 1995 ao Legislativo foi o ex-goleiro atleticano João Leite (PSDB). Leite, contudo, impôs uma marca de trabalho que o desvinculou da questão da bola. A Assembleia de Minas tem ainda dois radialistas do futebol eleitos no pleito de 2010.

Fonte: PAULO PEIXOTO, DE BELO HORIZONTE, UOL

terça-feira, 1 de outubro de 2013

IMPRENSA EM QUESTÃO: Um suposto eventual escândalo

SP => CARTEL DOS TRANSPORTES
Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa de 1/10/2013
Acostumados às manchetes ruidosas e aos textos definitivos durante os cinco anos em que predominou no noticiário o julgamento da Ação Penal 470, os leitores de jornais devem estar estranhando o estilo cauteloso com que a imprensa trata o episódio que envolve o governo de São Paulo em desvios de dinheiro para obras de transporte urbano sobre trilhos.
Curiosamente, o esquema de preços combinados, com evidências de pagamentos de propina, assumido publicamente e oficialmente por duas gigantescas multinacionais com sede na Europa, se transforma, nas páginas dos jornais, em “suposto esquema de cartel”.
Não que a imprensa devesse assumir o papel do Ministério Público e sair “manchetando” culpas e sentenças em casos ainda sob investigação. Isso é o que foi feito durante os anos em que o caso chamado de “mensalão” dominou o noticiário. Apenas deve causar algum estranhamento nos leitores mais atentos essa mudança de estilo na imprensa escrita.
Observe-se, por exemplo, que na noite de segunda-feira (30/9), o Jornal Nacional, da Rede Globo, foi muito mais assertivo ao noticiar o imbróglio do que foram as edições dos diários de terça (01/10). Também deve causar alguma inquietação nas mentes dos leitores mais curiosos a insistência da imprensa em concentrar as referências do caso nas ações das empresas envolvidas, quando há evidências de um escândalo com participação de autoridades no outro lado do esquema.
O telejornal da Globo esclareceu que o acerto para a partilha de verbas para obras do metrô e do sistema de trens em São Paulo começou durante o governo de Mário Covas, falecido em março de 2001 e substituído por Geraldo Alckmin; prosseguiu sob o governo de seu sucessor e alcançou o mandato de José Serra, que se elegeu em 2006.
Portanto, há evidências de que a história ultrapassa em muito um eventual acerto entre empresas concorrentes e se configura como um processo longo, oficial e consolidado de corrupção. Mas a imprensa se nega a ligar uma coisa com outra.
Observe-se, por exemplo, que na primeira página do Estado de S. Paulo, na edição de terça-feira (1), trata-se de um “suposto esquema de cartel”, enquanto a reportagem publicada no interior do mesmo jornal fala sobre “suposto esquema de pagamento de propinas a servidores públicos e dirigentes de estatais”.
Noticiário cauteloso
Já a Folha de S. Paulo traz um texto curto sobre o assunto, menor do que o espaço destinado pelo cariocaO Globo. O jornal paulista informa que a Justiça quebrou o sigilo das contas bancárias de 11 indiciados num dos inquéritos sobre o pagamento de suborno a políticos e servidores por conta de contratos para obras nos setores de transportes e energia. Quase metade da reportagem é dedicada ao chamado “outro lado”, com respostas e justificativas dos advogados de alguns dos acusados.
Nada contra, pois, afinal, a cada acusação deve corresponder o direito de defesa equivalente.
Não se trata, porém, da rotina observada em outros casos de corrupção noticiados pela imprensa nos últimos anos. O comum, no comportamento dos jornais, tem sido a abertura de manchetes sucessivas, negligenciando o direito de defesa dos acusados, transformando em escândalo toda denúncia, inclusive criando jargões e apelidos para fixar melhor na memória do leitor os detalhes de cada enredo. Assim, pulularam nas primeiras páginas expressões como “propinoduto”, “mensalão”, “valerioduto” e outras invenções que têm mais claramente a função de consolidar opiniões do que de informar.
Também é interessante observar que, juntando-se o noticiário esparso sobre as supostas irregularidades envolvendo obras de expansão do metrô paulistano e do sistema de trens metropolitanos, existem duas fontes básicas de informações dizendo praticamente a mesma coisa.
Uma delas nasceu da disposição da empresa alemã Siemens de mudar sua política de governança, adotando mais transparência e enfrentando os pecados de antigos executivos. A revelação de que havia um esquema de cartel nas concorrências para obras e manutenção do sistema de transporte em São Paulo surgiu desse movimento da empresa.
A outra tem origem na investigação sobre as atividades da francesa Alstom, que vem sendo denunciada por razões semelhantes, e que acaba de produzir a quebra de sigilo das contas de alguns dos acusados, conforme noticiou o Jornal Nacional na segunda-feira (30/9) e segundo os jornais da terça-feira.
Uma pergunta que muitos leitores devem estar fazendo é: se a imprensa está tratando de duas vertentes do mesmo caso, com uma origem comum, por que o noticiário vem dividido em duas partes, como se se tratasse de um escândalo da Siemens e outro da Alstom?
Eremildo, o Idiota, aquele personagem criado pelo jornalista Elio Gaspari, deve estar muito encafifado com isso.
(Fonte: Observatório da Imprensa)
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