terça-feira, 1 de setembro de 2015

Jornalismo como Instrumento de Transformação Social



"Fico feliz de não ser uma jornalista que traz as notícias que as pessoas querem ver, mas sim as notícias que as pessoas precisam ver." A afirmação é da jornalista Daniela Arbex, durante palestra sobre o tema Jornalismo como Instrumento de Transformação Social, ministrada na última segunda-feira (31), no Teatro João Paulo II, campus Coração Eucarístico. O evento, que reuniu alunos e professores de vários cursos da Universidade, integrou o Conexão Ciência e Cultura.
Ganhadora do prêmio Esso de Jornalismo, em 2012, com o livro Holocausto Brasileiro - Vida, Genocídio e 60 Mil Mortes no Maior Hospício do Brasil, Daniela apresentou à plateia as motivações que a levaram a pesquisar e escrever seu best-seller sobre a história do hospital Colônia, destinado a pacientes com problemas psiquiátricos, que foi palco de torturas e maus tratos na década de 1960. Jornalista do Tribuna de Minas, de Juiz de Fora (MG), há 20 anos, Daniela resolveu pesquisar a história da instituição que fica na cidade de Barbacena (MG), a 100 km da sede do jornal. "Meu primeiro contato com essa história foi em 2009, quando entrevistei um psiquiatra de minha cidade e ele me mostrou o livro Colônia. As fotos desse livro me chocaram, porque o que eu via era um campo de concentração, e não um hospital. Daí eu comecei a pesquisar e procurar os sobreviventes", contou.
A jornalista iniciou sua busca pelo fotógrafo, para depois chegar às vítimas de tortura. O lugar, que tinha capacidade para 200 pessoas, abrigou cerca de 5.000 internos em condições desumanas, sem acesso a higiene ou alimentação adequada. Setenta por cento das pessoas que eram levadas para lá não tinham problemas psiquiátricos, eram militantes políticos, mulheres que perdiam a virgindade antes do casamento, negros, pobres, homossexuais e os chamados insanos. Era um local para os indesejáveis sociais", relatou.
Dos 5.000 internos, sobreviveram 153, vários deles ainda vivendo no hospital Colônia – que hoje tem uma proposta de trabalho bem diferente – "Entrevistei os internos e ex-internos, além dos filhos que foram arrancados das mães, internas, e hoje testemunham sobre o sofrimento provocado pelo antigo hospital", disse.
Daniela também falou sobre seu novo livro, Cova 312, em que aborda o sumiço de um cadáver no período da ditadura e conta também a história de outros presos políticos que ficaram detidos na Penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora (MG). "Nesse livro eu conto a história do Milton, um militante político que desapareceu e depois foi encontrado morto, foi acusado de suicídio, mas os hematomas e feridas não eram compatíveis com um suicídio. Também falo da história de outros presos políticos, alguns anônimos, outros conhecidos, como o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. A importância deste trabalho, Cova 312, e do Holocausto Brasileiro é mostrar uma realidade que existiu e que poucos conheceram", afirmou a palestrante.
A edição do Conexão Ciência e Cultura com a jornalista Daniela Arbex foi resultado de uma parceria entre a Secretaria de Cultura e Assuntos Comunitários (Secac) da Universidade e a Pró-reitoria de Pesquisa e de Pós-graduação (PROPPg), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o Núcleo de Estudos Socipolíticos da PUC Minas e outros cursos e instituto parceiros. 

A atividade destina-se a estabelecer um vínculo entre o meio acadêmico e personalidades do mundo das ciências e da cultura, com o objetivo de suscitar reflexões sobre temas de relevância para a sociedade.


Com: Assessoria de Imprensa PUC Minas

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